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sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Ops, escorreguei!
Que atire a primeira pedra quem nunca cometeu um deslize durante uma dieta. Um pequeno delito, no entanto, já é o suficiente para alguns se colocarem no banco dos réus. Veja a razão de as recaídas serem tão comuns e saiba como não deixar todo o seu esforço ir por água abaixo.

por Françoise Gregório

Você começou um programa de emagrecimento na maior empolgação, seguiu o cardápio à risca, detonou calorias com caminhadas diárias...
No início foi uma beleza, os ponteiros da balança começaram a baixar, seu pique aumentou e sua auto-estima foi lá pra cima. Mas, depois de um tempo, surgem os famosos testes de resistência: vontade de afogar as mágoas numa caixa de bombons, aquele almoço que sua mãe preparou com os pratos que você mais gosta e convites para jantares, com cardápios repletos de bombas calóricas.
Um desafio, não? Às vezes, até parece que é preciso ter superpoderes para resistir a tais tentações, especialmente quando nos encontramos numa fase difícil, por questões emocionais, financeiras ou profissionais. Nesses casos, uma recaída é fatal. O problema maior? O que era para ser superado e acabar ali se transforma numa tortura sem-fim. A pena é máxima! Alimentação restrita a líquidos ou, quando muito, ao monótono frango grelhado com alface. Diante do castigo insuportável, vem aquela vontade de comer tudo o que está à sua frente. E, quando percebe, os quilinhos que tanto lutou para perder voltam rapidamente e com eles um baita sentimento de culpa.
De acordo com especialistas, tudo isso pode ser evitado, se em vez de se condenar a uma pena tão severa você retomar o programa no dia seguinte. “Em qualquer planejamento, inclusive o alimentar, podem ocorrer falhas e tropeços. Isso não deve ser visto como fracasso, nem induzir à desistência. Faz parte do jogo. É importante tirar proveito dos erros para não cometê-los numa próxima oportunidade”, comenta o psiquiatra Leonardo Gama Filho, chefe do Serviço de Saúde Mental do Hospital Municipal Lourenço Jorge, no Rio de Janeiro.
Mas, atenção! Isso não significa que é permitido pecar à vontade. Evitar novos deslizes é necessário para não estacionar o emagrecimento. De acordo com o psiquiatra, a possibilidade de uma recaída é sinalizada com algumas alterações no comportamento, entre elas, isolamento, ansiedade exagerada e falta de motivação.

Onde está o perigo

Com certeza, quem vive em pé de guerra com a balança, conhece muito bem essa situação. Segundo o psiquiatra Arthur Kaufman, coordenador do Programa de Atendimento ao Obeso do Hospital das Clínicas, (PraRAtoO), de São Paulo, as recaídas realmente são freqüentes e as maiores vítimas são aquelas pessoas com pouco controle emocional. Costumam, inclusive, fazer projeções mirabolantes, como: “Quando emagrecer, minha vida vai ser uma maravilha!” O especialista explica que como não ocorre nenhum milagre, ou seja, a pessoa continua enfrentando as mesmas dificuldades do dia-a-dia, (afinal, gordos e magros têm problemas), vem a decepção e, aos poucos, o indivíduo volta a usar a comida como compensação.
Ele destaca, ainda, um outro fator que leva a um escorregão: a associação de comida com comemorações (MEU CASO! RS). Festas infantis com suas inúmeras e doces armadilhas é um ótimo exemplo. “No rol das tentações, os carboidratos são os alimentos que mais estão associados a uma recaída, pois, além de energéticos, têm sabor agradável e, no caso do chocolate, apresentam substâncias que dão a sensação de prazer”, completa Arthur Kaufman.
Outra presa fácil desses indesejáveis tropeços é a pessoa que segue dietas muito rigorosas e não se preocupa em adotar hábitos saudáveis. Normalmente, ela quer emagrecer para um casamento, uma formatura ou entrar no biquíni no próximo verão. Enfim, as mudanças que faz na sua rotina são drásticas e têm data de início e fim. “As dietas radicais não levam em conta os hábitos e as preferências de cada um. Isso dificulta a adesão e a manutenção do peso eliminado. Também pode provocar carência nutricional, que desencadeia mecanismos compensatórios, como a vontade incontrolável de comer”, avisa Leonardo Gama.

Refém das dietas

Todo cuidado é pouco ao adotar um regime. Muitas dietas podem acarretar, sobretudo, desequilíbrios nutricionais, levando ao mal funcionamento metabólico, o que compromete o emagrecimento. Segundo o cirurgião Wilson Rondó Jr, autor do livro Emagreça & Apareça – Descubra seu Tipo Metabólico (Ed. Gaia), a mitocôndria, célula que participa da queima de gorduras, precisa estar bem nutrida para trabalhar direito. Caso contrário, o organismo passa a estocar gordurinhas.
Apesar de previstas, as recaídas, então, pedem atenção para não comprometer o processo de perda de peso como um todo, pois, sempre que abandonamos uma dieta, fica cada vez mais difícil atingir o objetivo. A auto-estima, por sua vez, tende a ficar em baixa, aumentando a sensação de incapacidade. Assim, em vez de atitudes saudáveis ser incorporadas à rotina, é a dieta que se torna um hábito. Foi o que aconteceu durante muito tempo com a coordenadora de cobrança Alessandra Cristina Muniz Carlin, de 33 anos. “Estava sempre às voltas com algum tipo de regime. De forma radical, inclusive. Quando tinha um evento, tomava inibidores de apetite, fechava a boca e malhava feito louca. Emagrecia, mas, depois de uns quatro ou cinco meses, chegava no meu limite. De um dia para o outro, voltava a comer tudo o que havia me privado, além de abandonar os exercícios fisicos. Só fui mudar depois que engravidei. Por estar acima do peso, me obriguei a procurar um nutricionista, cuidar da saúde e acabar, de uma vez por todas, com esta vida de dietas. Agora, não tenho pressa, quero uma relação saudável com a comida. É um exercício de paciência, mas estou entendendo que posso me cuidar, sem o apoio de remédios e comendo tudo o que gosto”, conta.

Anote aí!

Para aqueles que sofrem com a angústia do descontrole alimentar, uma boa ferramenta é o diário. Compre um caderno, decore-o com capricho e anote tudo o que passar pela boca. Registre também como você se comporta durante a dieta. Segundo os especialistas, esse é um bom recurso para manter o seu programa nos trilhos. Os dados podem revelar a quantas andam o seu regime e se realmente ele corre riscos iminentes. Um dos propósitos de criar o diário é o de ajudar a identificar os momentos em que há sucesso no controle dos impulsos e quais os momentos em que se faz necessário planejar ações para facilitar esse domínio. Você pode registrar informações como o horário que costuma levantar, em que situações o café da manhã não é feito com tranqüilidade, quais os horários mais difíceis para conter a vontade de comer, que refeição tende a pular, se há alteração no cardápio quando almoça acompanhado, se os pratos são balanceados e apresentam todos os grupos alimentares, se não repete muito os mesmos alimentos etc. A partir dessas e de outras constatações, fica mais fácil definir estratégias para evitar recaídas. Mas, atenção! É preciso escrever a verdade, nada mais que a verdade!

Disciplina é tudo

Segundo Leonardo Gama, pessoas que se mantêm firmes numa dieta são as mais determinadas e disciplinadas. “A motivação é importante para que nenhum fator desvie o indivíduo de seus objetivos. Muitas vezes, a rotina pode prejudicar, como o excesso de trabalho que geralmente interfere nos horários das refeições, facilitando a ingestão de alimentos inadequados e os ‘beliscos’”, comenta. E, para manter a disciplina, é preciso contar com um suporte, se planejar.
Wlamir Christofoletti, de 41 anos, já teve tal constatação. Segundo o empresário, a única forma para baixar o peso, com tranqüilidade e sem sofrimentos, é fazendo as refeições na hora certa e tendo tudo à mão, para não correr o risco de se empanturrar de itens calóricos. “Já fiz várias tentativas para emagrecer e manter o peso, mas se não tiver uma rotina bem regrada acabo perdendo o controle. Também percebi que preciso brecar a ansiedade. Ao menor sinal de um problema, ataco tudo o que vir pela frente. A atividade física regular é uma grande aliada”, revela.

Sabotadores de plantão

Para piorar a situação, quem tem excesso de gordura muitas vezes é vítima de uma pressão psicológica exercida pela própria família e pelos amigos. De acordo com Fernanda Fernandes, gerente geral dos Vigilantes do Peso, o emagrecimento de uma pessoa próxima desperta reações variadas, nem sempre a favor das expectativas de quem quer perder peso.
É comum, por exemplo, dizer que alguém está gordinho e, logo em seguida, chamá-lo de chato por não querer comer algo com muitas calorias. Ou seja, o problema (excesso de gordura) é evidente, mas a possibilidade de uma mudança (emagrecimento) causa uma certa apreensão. “O importante, quando se está seguindo uma dieta, é acreditar na sua decisão e não se deixar abalar com as atitudes dos outros. Ao contrário, deve fazê-los entender que é para a sua felicidade”, comenta Fernanda.
E foi o que fez a estudante de turismo Christiane Souza Góes, de 24 anos. “Meu pai dizia que eu precisava emagrecer, mas vivia me presenteando com doces. Incomodada, disse a ele que suas atitudes me faziam mal e dificultavam o meu emagrecimento. No fim, ele confessou que estava tentando inibir a minha força de vontade para realizar um sonho que ele também possuía e que nunca conseguiu alcançar em mais de 50 anos: livrar-se da obesidade”, conta. O pai da estudante também ficou inseguro com o ânimo da filha em sair mais de casa, depois que começou a emagrecer. “A Christiane obesa ficava sempre ao seu lado, era sua cúmplice nas comilanças na frente da tevê. Já a Christiane magra trocou essa rotina por outra mais saudável e ativa”, comenta a garota.

Como anda o seu autocontrole?
1. Quando fica triste, seu apetite aumenta?
a) sim b) não
2. Depois de cometer um deslize, assume o ato?
a) sim b) não
3. Costuma contar quanto tempo falta para a próxima refeição?
a) sim b) não
4. Tem dificuldade para lidar com horários e regras?
a) sim b) não
5. Ao alimentar-se, você realiza outras tarefas, como falar ao telefone ou ver televisão?
a) sim b) não
6. Pratica atividades de lazer e físicas ou tem algum hobby?
a) sim b) não
7. Se considera uma pessoa impaciente?
a) sim b) não
8. Ao sair da dieta, sente uma grande sensação de tensão ou euforia?
a) sim b) não
9. Aguarda ansiosamente atingir o peso certo para voltar à vida normal, sem dieta?
a) sim b) não
10. Associa programas aos tipos de comida encontrados nos mesmos, como cinema–pipoca, aniversário de criança–docinhos e guloseimas?
a) sim b) não
11. Sempre volta de eventos sociais com fome?
a) sim b) não
12. Levanta no meio da noite para comer?
a) sim b) não
13. Você leu os resultados deste teste antes de começar a fazê-lo?
a) sim b) não

RESULTADO

Maioria das respostas A

Talvez a insatisfação com o seu peso não seja motivo suficiente para você levar uma dieta adiante. Tratamentos alternativos, como ioga e terapia cognitiva comportamental, podem ajudar na conscientização da necessidade de uma mudança de atitude e a atenuar a ansiedade exagerada, tão comum nesse processo. Disciplina para tudo na vida é fundamental, e em dieta isso não foge à regra. É indispensável que você tenha em mente quais são os resultados possíveis no seu caso, em curto, médio e longo prazos.

Maioria das respostas B

Falta de controle não é problema para você. Provavelmente, o que a incentiva é o seu objetivo final e por isso não dá espaço para a ansiedade. Pode até cometer um deslize, porque ninguém é de ferro, mas saberá como compensar essa perda e continuar no caminho para atingir o peso ideal.

Teste elaborado pelo psiquiatra Leonardo Gama Filho, chefe do Serviço de Saúde Mental Hospital Municipal Lourenço Jorge (RJ)


Extraído de: http://dietaja.uol.com.br/Edicoes/162/comportamento-recaidas-num-regime-e-comum-saiba-como-administra-las-97204-1.asp

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